Sigam-me

www.twitter.com/celiaschultz
Qualquer aventura começa quando somos obrigados a descobrirmos quem somos.

Vejam também: www.diariodececilia.blogspot.com

celiaschultz@hotmail.com

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fala bebê...!

Ele ainda não fala uma palavra do tipo "papai" ou "mamãe". Um dia até pensei ter ouvido "leitee", porém creio que me enganei pois não houve repetições..
Entre monossílabos, provavelmente ele está dentro do tempo dele e nós é que somos ansiosos. Aliás a vida é o espectro da ansiedade. Veja os pais: Primeiro a gente não vê a hora que o bebê vá sorrir. Depois a gente anseia pelos primeiros dentes, depois para que ande logo, depois para que fale logo, depois para que, na escola, venha logo um dez para tornar-se engenheiro, depois queremos ver quem será a namorada para palpitarmos sobre a dita, depois, queremos saber quando será o casório e onde irão morar, depois queremos saber quando virão os netos e daí, um dia, ficaremos esperando ansiosos para saber quando nosso bebê nos telefonará ou voltará para nos visitar e nos sorrir de volta..
Meu bebê ainda não fala, todavia tenho todo tempo do mundo para esperar que um dia ele me recite uma poesia esteja eu onde estiver... 

Tela: Toulose Lautrec - A dança de Marceille

quarta-feira, 16 de março de 2011

A polêmica babá

Há quem diga que ela utiliza recursos nada nobres como o tão antigo Reflexo Condicionado citado por Pavlov. Os defensores dessa teoria, dizem que é ela que conduz as massas à alienação desde o berço..Dizem ainda que ela faz o processo de "desaprender" e é um passo contrário ao conhecimento e aos valores.  No entanto, há quem considere que toda e qualquer pessoa tem uma essência própria e essa é inviolável. Dessa forma, não seria uma propaganda de tabaco que induziria ao fumo e sim a situação ambiental, cultural e até uma predisposição genética..

Há ainda aqueles que a consideram uma aliada, já que é um dos únicos recursos disponíveis para a mãe da classe média, trabalhadora, que precisa de alguns minutos para passar uma vassoura pela casa..
Francesco começou a prestar atenção nos desenhos da TV. Provavelmente gosta das cores das figuras, das crianças atrizes e dos sons infantis. Tento filtrar o conteúdo e permito que ele se entretenha com essa nova e experiente babá...

sábado, 5 de março de 2011

Reminiscência da porradoterapia...

Francesco agora anda por todos lugares e tenta colocar a mãozinha em tudo. Várias vezes espalha tudo pelo chão, quebra coisas. Numa dessas sumiu, por três vezes, três cartões de débito e crédito consecutivos, que eu deixei na carteira e em local baixo..
Ele não foi para a creche de manhã e a tarde porque a irmã mais velha aceitou ficar de babá no período da manhã e da tarde..A noite tem uma outra babá que vem duas vezes por semana..Concluindo, é bem difícil ver minha casa em ordem ..
Esse deve ser o ano da criança para mim pois também comecei a lecionar para as 6as séries e estas crianças gritam e se movem sem parar...
Para saber lidar com essas novas situações, revisei o passado e tentei repescar algo proveitoso. Quando a gente não sabe muito sobre novas situações, as vezes o passado ajuda..
Dai me lembrei de como era ser criança no final da década de 70 e adolescente na década de 80..
Lembrei-me da "educação pelo medo". A gente apanhava em casa dos pais porque eles acreditavam que deveríamos ser quietos e comportados com 10 anos e a gente apanhava do professor também porque ele queria que a gente decorasse a  Caminho Suave e queria que as tarefas fossem feitas sem erros com belas caligrafias. Obviamente, o silêncio deveria ser o líder da sala.. 
Nunca tive um amigo daquela época que já não tivesse "experimentado" a cinta, o chinelo e mão pesada de um adulto..
Crianças da idade do Francesco levavam tapas nas mãos se pegassem objetos de adultos..
Quando as "artes" continuavam, mesmo com o tratamento de choque, então diziam em casa e na sala de aula que aqueles "mal-criados" deveriam ser  "patologicamente loucos" ou irião virar bandidos..
Lembro-me de um livro, o de José Mauro de Vasconcelos, "O meu pé de laranja lima", onde Zezé só deixa de apanhar quando fica doente..
Dai os tempos mudaram, entrou mais diálogo..e agora temos o ECA e o presidente, que no ano passado, proibiu até os beliscões...
Tanta pancadaria, para no fim ver o mundo dos negócios atual chamar aqueles alunos do "fundão" e os filhos rebeldes das décadas passadas, de "pessoas com iniciativa". Aliás, foram os que não ficaram mudos e inertes por medo, que se destacaram no mundo como engenheiros, ou, donos de oficinas mecânicas, ou, esportistas..
Hoje, alguns educadores, dizem que a coisa ficou "aberta" demais e que não há mais controle sobre as crianças..
Caímos no outro pólo?
Bem, talvez o problema seja que até hoje o Ser humano, capaz de compreender aramaico e cabala, ainda não tenha descoberto a verdadeira linguagem da criança e o problema consista na errônea comunicação, ou no distanciamento de qualquer tentativa dessa..
Nunca criamos terapia melhor que não fosse a da linguagem, mas é tão difícil domina-la..
Bebês tem linguagem própria e universal, assim como crianças e adolescentes..
O movimento, a energia, a resistência aos adultos é parte do conhecimento deles e é tudo que não compreendemos..Já fomos um deles, porém, esquecemos tudo..
Doravante a pesquisa pelo passado me ajudou a entender porque alguns adultos são tão intolerantes..